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22 de setembro de 2013

The Voice Brasil chega ao horário nobre e consolida formato na segunda temporada

(Por Thaís Britto - O Globo)


Em meio a risadas, notas musicais e goles num suco de maçã que devia estar “meio batizado”, como brincou Claudia Leitte, os quatro jurados do “The Voice Brasil” se encontraram na segunda-feira passada (16/09). Claudia, Carlinhos Brown, Daniel e Lulu Santos passaram a tarde ensaiando as cinco músicas que apresentarão nos primeiros episódios da segunda temporada do reality, que estreia em 3 de outubro na Globo. Agora às quintas-feiras e no horário nobre (vai ao ar depois da novela “Amor à Vida”), a atração ganha um status bem diferente graças aos bons resultados do primeiro ano. 
Com audiências que variaram entre 14 e até 19 pontos (pelo PNT) na faixa de domingo à tarde, o reality é uma grande aposta da emissora para as noites de quinta-feira. No estúdio, Claudia, Brown, Daniel e Lulu parecem ainda mais à vontade do que vimos em 2012. Entre uma risada e outra (“Vamos aproveitar que Boninho foi embora para contar piada”, brinca Claudia em certo momento), os quatro acompanham as instruções do produtor musical Lincoln Olivetti e vão de “Já é”, de Lulu, a “Magalenha”, de Brown, passando por “Bola de sabão”, de Claudia, e “Eu me amarrei”, de Daniel. Mas se engana quem pensa que eles não têm seus medos.

— Eu fico mais apreensivo. O primeiro ano foi tão legal que nos dá uma carga de responsabilidade muito maior. Ainda mais com o dia e o horário novos. Estou preocupado, mas confio no projeto, que é muito bem cuidado — opina Daniel.

As novidades não param no dia e horário de exibição. Para começar, agora são cinco os episódios dedicados às audições às cegas — no ano passado foram quatro —, quando os jurados ficam de costas e selecionam os participantes para seus times apenas por suas vozes. Consequentemente, veremos um número maior de candidatos competindo este ano. Já a segunda fase, das batalhas, ganhou novos cenários, como um estúdio de ensaio e um ringue em formato de octógono. Depois disso, o comando do “The Voice Brasil” ainda promete uma “fase extra e surpresa” antes das apresentações ao vivo, que vem sendo mantida em segredo.

— Dentro do formato vamos ter uma surpresinha que vai trazer emoção para quem está na competição, quem está em casa assistindo e até para os técnicos. Depois das batalhas virá essa fase original que ninguém nunca viu, foi criada por nós. Vai levar a emoção de todo mundo nas alturas — promete o diretor-geral Creso Macedo, que lista algumas outras diferenças: — O programa vai ser mais pop nesta temporada, isso é certo. E o impacto visual vai ser bem mais moderno.

E para quem está em casa e só quer saber se não vai ter seus ouvidos invadidos por vozes desafinadas e afins, a notícia é boa. Embora o sigilo em relação aos inscritos seja total, o burburinho nos bastidores do reality é que a qualidade dos futuros participantes aumentou exponencialmente.

— Eu já estou informado que o nível de talento este ano está ainda maior. Meus espiões me contaram... — diz Lulu, brincando com a aura de segredo que paira sobre a atração: — Não é que as pessoas burlem, porque o negócio é realmente muito criterioso e sério. Mas é aquela coisa, tem rede social, né... Digamos que um passarinho me contou.

Creso confirma a informação e acredita que foi o sucesso do primeiro ano que contribuiu para a inscrição de músicos ainda mais talentosos nesta segunda leva do reality:

— Nas audições regionais pelo Brasil encontramos talentos maravilhosos. O povo da música acordou para esse fenômeno e decidiu vir com a gente. Pessoas que, de repente, na primeira temporada ficaram com o pé atrás, não sabiam o que era. Mas viram que é um programa de qualidade, feito com músicos. Eles vieram em massa agora. Estamos felizes e muito animados porque a qualidade é bem alta. Quem estiver nessa edição vai participar de um programa brilhante e emocionante.

A confiança de quem está dentro do universo da música e o respaldo do público, por meio da audiência, pode dar ao “The Voice Brasil” uma dimensão que poucos programas do gênero tiveram no Brasil. Enquanto em países como os Estados Unidos esse tipo de reality é sucesso há muito tempo — “American Idol”, “The X-Factor” e o próprio “The Voice” são líderes de audiência por lá —, aqui o formato nunca havia sido consolidado de verdade. Várias emissoras já fizeram suas tentativas: a própria Globo, com o “Fama”, o SBT com “Astros” e “Ídolos”, e a Record com sua versão posterior do “Ídolos” e o “Got Talent” são alguns exemplos. Para Boninho, diretor de núcleo do “The Voice Brasil”, um dos diferenciais do programa está em oferecer espaço para cantores que já estão prontos para despontar.

— Não é um programa de calouros, é de profissionais. Essa é a grande diferença. Muitos destes participantes já até fazem certo sucesso nos seus nichos. Só pegamos quem já está pronto. Outros programas funcionam construindo talentos, mas nós aqui só damos uma janela para eles — explica.

Já Creso vê três características importantes que destacam o “The Voice Brasil” da multidão: o formato, a brasilidade e a equipe.

— O formato é genial porque é simples e brilhante. Traz para o palco aquela sensação de ouvir uma voz incrível no rádio do carro e não saber como é aquela pessoa. Além disso, a maneira que executamos o formato aqui no Brasil é muito alto astral. É um jeito muito positivo de lidar com a música. E, por fim, a equipe tem uma ligação afetiva muito grande com o projeto. A gente se emociona e chora mesmo nas seleções. Somos apaixonados por música. Eu mesmo sou músico também.

Só falta mesmo ao “The Voice Brasil” produzir um grande astro pop. Alguns dos participantes da primeira temporada vão muito bem, obrigada. Ellen Oléria, a vencedora, lançou recentemente seu disco. Mas se lá fora realities como o “American Idol” e “The X Factor” jogaram luz em artistas que hoje estão entre os maiores vendedores de disco do planeta como Kelly Clarkson ou One Direction, por aqui esse reconhecimento massivo ainda deve demorar, na opinião de Lulu Santos:

— Não há como comparar o mercado americano com a realidade do Brasil, muito menos em relação ao produto artístico. Aqui há uma lentidão muito grande. Acho que os músicos poderiam ter sido aproveitados com um pouco mais de rapidez pela indústria.

De fato, cantores como Thiaguinho e Roberta Sá, participantes do “Fama”, acabaram alcançando o sucesso bem depois de sua incursão no reality. Mais otimista, Daniel acha que o surgimento de um novo ídolo pop a partir da competição é absolutamente possível.

— Talvez os programas ainda não tenham uma credibilidade no mercado, porque realmente não vemos muita gente acontecer. Mas há totais condições, e é uma cultura que pode crescer conforme o programa vai ganhando mais confiança. E vejo que ele já mudou a vida das pessoas que passaram por aqui. E muitos artistas que estiveram no “The Voice Brasil” têm muito mais qualidade musical do que muita gente que dá certo no mercado.

Em relação a suas atuações como jurados e técnicos, os quatro afirmam que vão usar tudo o que aprenderam no primeiro ano. Cláudia Leitte, por exemplo, promete ficar mais à vontade.

— A gente se cobrava muito. Sentíamos que tínhamos responsabilidade por aquelas pessoas ali no palco. Agora estou mais light e penso que cada um tem seu caminho e sua oportunidade para brilhar — opina.

Já Lulu defende que a escolha de “apertar ou não o botão” para um participante ficou mais fácil.

— Não tem critérios, tem só um critério: o que você ouve. Não tem método. Temos que ser instintivos e ficar com a sensibilidade e a intuição à flor da pele. Isso eu aprendi bem no ano passado — ensina.

Carlinhos Brown, que se disse impressionado com a capacidade de boas escolhas de Daniel na primeira temporada, resumiu em uma metáfora futebolística seu trabalho como técnico no programa:

— O que fazemos aqui é captar o melhor das pessoas. Elas já vêm com talento. O que acontece é como uma partida de futebol em que o time está jogando muito bem, mas não consegue fazer gol. O artista também é assim, e nós estamos ali tentando ajudá-lo a marcar esse gol.

Fonte: Extra

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